quinta-feira, 3 de abril de 2008

Primeiro de Abril


No famoso dia dos enganos seleccionei uma das várias fotografias, que quase todos os dias vou tirando, para depois armazenar dum disco de computador, e assim vou esquecendo o amontoado de imagens que me enganam, quando penso que tenho muitas fotos.

Este edifício projectado pelo digníssimo Arquitecto Sisa Vieira, faz a mostra do virá a ser a nova cidade do Porto, construída fora do centro, onde se situam os antigos bairros operários onde nasci. Teria mais sentido aproveitar a beleza das suas casas baixinhas e estreitas ruas, e uma certa distância do conturbado movimento urbano, para uma zona onde se deveria dar continuidade a uma certa tranquilidade e familiaridade, por isso crescer em conjunto, em continuidade, unir-se a um local onde o sol ainda consegue espalhar o seu manto luminoso.

Admiro o trabalho deste arquitecto, sem dúvida alguma. Mas começa a crescer uma dúvida, será que os arquitectos passam nos espaços onde intervêm, se passeiam ou deslocam-se a pé pelas ruas, qual é o sentido de construir um prédio que fecham um pátio virado para dentro de si próprio? Arquitectura egocentrista? Moradores egocentristas?! E as praças alcatifadas de granito e sem arvores? No Verão devem passear de sombrinha!

O centro da cidade, é um autêntico museu do tamanho de uma urbe antiga, recheado de edifícios seculares. Os proprietários resolveram não baixar aos preços dos terrenos, os governantes apenas tomam mediadas que servem para sair nos jornais faseadamente, mas ao longo dos anos confirmamos que nada se fez, sobram apenas as paredes para cenário de um filme pós apocalíptico e uma série de auto-estradas que se cruzam e vão sustentando um Lóbi de Políticos e Construtores Civis que devem achar demasiado trabalhoso reconstruir uma cidade e um governo central que fecha os olhos porque também precisa de se sustentar, a si e aos lóbis que representam.

A antiga cidade vai caindo aos poucos à espera dum “Incêndio do chiado” em grande escala que a faça desaparecer, ou duma mente que se lembre, a semelhança do que aconteceu no passado, deitou abaixo um palácio, chamado de cristal e construiu um moderno edifício que pelos vistos nunca ninguém soube gerir, nem dar uma serventia.

Na nova cidade que vai surgindo, fica a sombra do antigo bairro, projectado nas paredes deste edifício cálido e soturno, como eventualmente será a nova população que lá dentro se enclausurará.

Esta fotografia não é um engano, nem será este dia especialmente. Todos os dias o são enquanto as profissões de prestígio estejam ocupadas por uma escória de sanguessugas que ainda não foram declarados oficialmente, doentes mentais.

Deixo aos cientistas clínicos um mote para as suas pesquisas.


Primeiro


“Este é o primeiro dia do resto da tua vida…” estava à pouco acompanhando o pôr-do-sol, arranhando uns acordes do Sérgio Godinho tentando imitar a melodia que enchia este entardecer. Neste balbucio de dia que termina e se fecham as janelas ao mundo, acabei por ligar esta máquina que me liga à infinita base de dados que é a Internet.

Ao ler um texto num blogue, acabei por criar este, no arrastar do processo que é necessário, para deixar um comentário num outro.

Então este é o primeiro texto de apresentação de um blogue que resolvi chama-lo de: Espinho Incomodo. O nome representa uma necessidade contemporânea que temos de nos queixarmos daquilo que realmente nos incomoda. Neste caminho de pensamentos soltos, espero conseguir encontrar aquilo que eventualmente me possa intrigar e até gostar.

Fica aqui o registo de mais um micróbio neste universo de ideias à mão de semear por todos os humanos que duma forma ou de outra habitam este espaço virtual.